6º Módulo de Formação do Terra e Mata recupera sonhos exprimidos no primeiro módulo a fim de discutir gestão rural na agricultura familiar.
Entre os muitos sonhos das agricultoras e dos agricultores beneficiados pelo projeto Terra e Mata, um se destaca: assegurar o futuro de suas famílias, e a sustentabilidade é crucial para isso. Foi o que relataram os 14 participantes do 6º Módulo de Formação do projeto em São Miguel do Guaporé, que aconteceu no dia 23 de outubro de 2024.
Com o tema “A importância da gestão rural e seus princípios básicos para o funcionamento de uma propriedade da agricultura familiar”, o 6º e último Módulo de Formação do Terra e Mata aconteceu de modo itinerante, entre os dias 21 e 26 de outubro de 2024, em cinco municípios de Rondônia: Costa Marques, São Francisco do Guaporé, São Miguel do Guaporé, Alvorada D’Oeste e Presidente Médici. No total, 106 pessoas participaram do módulo.
Durante a atividade, os participantes foram instigados a recuperar os planos traçados no primeiro módulo, ocorrido entre abril e junho de 2023, e as expectativas com a participação no projeto, que é realizado pela Ecoporé com financiamento do Fundo Socioambiental Caixa e em parceria com Fetagro e Emater-RO. Segundo o grupo, uma das expectativas que mais avançaram do ano passado para cá foi a recuperação e a preservação das nascentes, um dos objetivos do Terra e Mata, que visa recuperar 300 hectares de áreas degradadas e implementar 200 sistemas produtivos sustentáveis, os quintais produtivos.
Além disso, a gerente de educação ambiental da Ecoporé, Ana Paula Albuquerque, responsável pela formação, trouxe para o debate os pilares da gestão rural. São eles: planejamento de metas e estratégias, organização dos recursos e das atividades para atingir os objetivos, controle dos resultados obtidos e gerência, ou seja, liderança e tomada de decisões baseadas em informações.
Ao compartilharem suas experiências com o tema, as agricultoras e os agricultores presentes relataram dificuldades em adaptar a gestão para suas realidades. Apesar disso, Ana Clara dos Santos afirma reitera a importância de conhecer mais sobre os desafios enfrentados por pessoas que assim como ela também vivem do campo, pois conversas como estas a ajudam a ter ideias para melhorar seu planejamento. “Porque você conhece outras pessoas, outra realidade. É que às vezes você volta na minha [realidade] e talvez a minha completa a dele. As pessoas gostam de se encontrar e trocar essa energia, essa experiência”, disse a agricultora que acompanhou a atividade em São Miguel do Guaporé no dia 23 de outubro.
Essa troca de experiências, durante a participação nos módulos de formação, também marcou o agricultor de Nova Brasilândia, Fernando Oliveira Duarte. Apesar do desafio em conciliar a participação nas atividades com a rotina corrida no campo, “a experiência pra mim foi única”, contou emocionado. Para ele, “não só o conteúdo, mas o convívio foi espetacular. Esse carinho, essa amizade, esse acolhimento. Foi muito gratificante e quase que necessário. Na sociedade que estamos vivendo, cada dia mais estamos ficando carentes dessa questão humana e os módulos estão fazendo isso”.
Ali não está só o trabalho da pessoa, está a alma, a vida dela – Fernando Oliveira Duarte, agricultor de Nova Brasilândia D’Oeste – RO.
Fernando Oliveira Duarte lembrou ainda que no trabalho rural, “ali não está só o trabalho da pessoa, está a alma, a vida dela”, pois “é o que move a gente. Quando você trabalha com amor, automaticamente, tudo será diferente. Quando tá com amor, carinho, tá ali a vida da gente, o cantinho, a entrega, principalmente nós da agricultura [familiar], o mais simples com amor se torna algo extraordinário”.
Com saudade, o grupo encerrou a atividade levando consigo o acúmulo das discussões anteriores, nas quais debateram os eixos “recomposição vegetal e agricultura familiar”, “preservação natural para um solo sustentável”, “manejo alternativo de pragas e doenças na agricultura” e “restauração ecológica com os processos para um bom resultado”.
TERRA E MATA
Realizado pela Ecoporé com financiamento do Fundo Socioambiental Caixa e em parceria com a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Rondônia (Fetagro) e a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO), o projeto visa aliar conservação e recuperação ambiental com geração de renda através da promoção da agricultura regenerativa em propriedades da agricultura familiar na Amazônia. Entre 2022 e 2026, o projeto prevê a produção de 480 mil mudas, beneficiando 500 agricultores em Rondônia por meio da implementação de 200 sistemas produtivos sustentáveis e da recuperação de 300 áreas sensíveis. A iniciativa contribui para que o Brasil atinja o compromisso com a ONU de reflorestar 12 milhões de hectares de floresta até 2030.